sexta-feira, 20 de abril de 2012

Atividade Gestar II



Artigo publicado no caderno "I", Coluna "Opinião", edição nº 6085 do Jornal de Uberaba, p. 02, dia 06/01/2007.
Ormezinda Maria Ribeiro- Aya é Doutora em Lingüística e Língua Portuguesa pela Unesp. aya_ribeiro@yahoo.com.br

Um passeio pelas gírias através dos tempos

Ainda garoto, não fui correspondido nos meus sentimentos amorosos, nos idos de 1930. Eu era um rapaz de boa aparência, mas pobre. Fiquei deprimido. É fato, mas jurei me tornar uma pessoa rica e importante pra nunca mais ouvir tais palavras daquela jovem. Fiquei quase uma década me recuperando dessa malfadada sorte. Depois resolvi recobrar o tempo perdido e correr atrás de uma moça, bonita que conheci em um desses bailes que freqüentava na época. Convidei aquela senhorita para assistir a um espetáculo, a sensação do momento. Foi à maior confusão. O pai dela não gostou nem um pouco. Levei uma bronca. Só me esqueci desse episódio dez anos depois. Fiquei esperando por um tempo. Não seria fácil conquistar aquela linda jovem. Ela não se esqueceu da discussão. Eu já estava ficando velho, mas ainda era galanteador e muito legal, um sujeito apresentável. Além do mais, meu amigo, nos anos 60 eu não era mais pobre. Era um homem de boa aparência, tinha um carro bom. Desses de fazer qualquer moça se apaixonar. E uma coisa era certa não era feio e nem desarrumado. Resolvi dar uma volta e procurar uma bela mulher. Estava a fim de encontrar uma pessoa inteligente e honesta e não era de faltar com os meus compromissos. Mas ela não queria compromisso e com jeito me explicou. Veio com aquele conversa sem fundamento e eu, que estava naquela de compromisso serio, fiquei na maior tristeza. Mais 10 anos, amigo, desisti da jovem bonita que a essas alturas já estava meio passada, quase sem beleza. Não era mais aquela moça bonita. E eu ainda era lindo. De uma beleza admirável. Estava a fim de uma dama linda. Pode acreditar! Tentei falar com ela. Que difícil!  Eu estava enganado. Ela não gostou da conversa. Mas deu errado. Foi horrível: ela me chamou de velho e foi embora. Acabou. Enveredei pela política. Virei insensível, fiquei amargo, só pensava no trabalho. Deixei de ser aquele homem simpático que buscava o amor no com a maior intensidade. Nem me preocupava com as coisas do coração. Meu negócio era dinheiro, isso sim me agradava muito. Entrei magoado nos anos 80, meio triste, mergulhei completamente no mundo do trabalho, preocupado com a aparência, vendo a beleza passar no movimento daquelas moças de calcinhas pequenas. Que lindo! Como me senti fora de moda! Chegaram os anos 90 e eu decidi acordar para a vida. Nas ruas, os jovens com os rostos pintadas faziam pressão. Já aposentado, por pouco levaria a pecha de homossexual. As meninas da minha turma já envelheceram. Demorei demais. Fiquei muito tempo pensando. Vou  em busca de um novo amor . Estou a disposição, vou conquistar através do meu olhar, pensei. Consciente, quis deixar de ser um irresponsável e parti para conquista. Não queria mais erra. Descobri que namoro sem compromisso não esta com nada. Chega de relacionamento sem envolvimento e de ociosidade. Achei uma boa moça e fui conversa com ela. Sou um estúpido. Estava convencido. Vestido como um moço rico, fui à procura de uma jovem bem arrumada que estivesse afim de mim, fui em busca. Não sou nenhum pedófilo, mas resolvi conquistar a primeira moça que me desse à atenção. Estava disposto a assumir compromisso. Que pena! Fui ridicularizado! Apaixonado, envolvi com uma mulher de caráter meio duvidoso. A essas alturas da vida, meu amigo, não poderia escolher muito. O que pode querer um velho rico e solitário? Também não estava a fim de qualquer mulher. Estava me sentindo assim desconsolado. Meio envergonhado, mais mesmo assim fui até ela, cheguei na mulher. A infeliz me chamou de velho. O sem atenção aqui ainda pensou que era elogio. Mas não desisti. É mesmo o fim do século. Fiquei impressionado, quando um jovem conquistador chegou de lado e falou: “Ai, senhor, valeu! Com licença  que eu vou sair com a prostituta”. Aí já era demais! Outra rejeição esse meu velho coração não agüentaria. Viajei no tempo... Até logo!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário